domingo, 23 de setembro de 2012

Reflexão para a selvageria

Disse uma vez um desses literatos críticos que o mau escritor é aquele que evoca um
universo, uma expressão dentro de seu contexto interior que o leitor não pode conhecer.
Desses tempos pra cá, fiquei pensando no que sobrou da poesia e da prosa brasileira :
uma torrente maldita de escritores herméticos, semióticas acadêmicas saudosistas e muito
mas muito lamento. O quero dizer é que parece agora artístico o indecifrável, e valoroso
aquele que se preocupa somente em analisar - e se esconde no feito dos dois uma repetição
que não evoca inteligência

Nossa Valrus, mas porque toda essa preocupação ?
olha, eu não virei um outro crítico mas voltei a escrever aqui porque descobri que levo a sério algumas
coisas - queria também mandar alguns eu-líricos para o inferno...têm me deixado profundamente irritado

Poesia, prosa. É mimese segundo muitos, reverência que almeja vidência. Escrever por 
escrever ? - é bonito, incrível. Ler sem preocupações ? perfeito. Daí então brota a gana
em uns de quebrar paredes, em ser brilhante - Avant guard !. quer saber ?, foda-se
Foda-se mesmo essa arrumação, esse nobre investimento que é sua estante de 
livros, esse maldito projeto acadêmico que escolhestes para ascender nas letras, ou então
esse mundo que você andou codificando. Nota-se sua arrogância de longe, e você, em
especial, é muito delicado para percebê-la

Quer voar ? faço questão de te arrebentar porque é assim que se faz aos ditos valentes.
Você lembra de Aristófanes ? ,  já que as palavras são tão sérias, duelemos com elas, choquemos
nossos valores - façamos uso direto delas pra ver o quão forte perdura aquilo que chamamos
de virtude.


quinta-feira, 22 de março de 2012

A noite sendo o mesmo pela manhã de depois que escureço

vou contar que uma vez desses momentos lokis
eu me meti a deixar uns poemas em blog 
mas não faço ideia muito bem de resenhar
andei contemplando umas artesanias virtuais
a não cheguei a decifrar nenhuma das caretas digitais
tem umas indagações no meu cerebelo
dá a impressão de uma queda pra não voltar
tudo em mim é capotável - ao contrário do inovador
poetas juvenis de palavras cabíveis em cofrinhos
econômicos, visionários, muito empolgadinhos
elegeram muito bem seu progresso estável
digo só de joelhos tortos - tudo em mim é capotável
rompi promessas mais cedo imediato
pro inferno o deleite dos perfeitos de unhas feitas
nessa tarde desejei livrar-me de mim no aconchego
recupero a desmedida da cachaça e a cicatriz da cara
eu deitei as patas no travesseiro - virei-o
meti a cara na sujeira preta dos calos crus

levantei saudável bondoso com as horas matinais
puxei dinheiro das calças correndo ao ponto
o porteiro do anglo é o mais massa de lá
as minhas aulas, minhas aulas, minhas aulas,
e a bia é bem contente, dedicada certamente
os arrumados saem, o das cerimonias trocadilha
maestro perspicaz - deixe-me afundar pois não sou desse lugar
anglo, vieste como um balde d'água fria em mim pelado
sou o lambisgoia da cinquenta e cinco ricocheteando 
os degraus vem a minha testa - um sinal de cafés autônomos
disse alguma vez sou o mais capotável 
guardei fibras dessa vez pra digestão se tudo der errado



 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

além da guia

sentei estranhamente a guia, lembrei : eis meu antigo símbolo.. mas como as coisas vão mudando, não ? - e como mudam rápido nesses tempos.
tinha umas necessidades, umas condutas de vida que considerava essênciais : auge de embriaguez, identificação com estranhos, paixões, descrições de espaço e sentimento, poesia livre, mais sentimento e espaço, pensar em tudo, escrever. fui capaz de muito pouco disso, fiquei desconhecido. dá uma certa raiva lembrar, umas vibrações que faz a gente se sentir estúpido - essas totalidades nas quais se dispõem os escritores, exigências e comportamentos, é intediante, cansativo. ficamos todos uns viciados em pensar porque "...oras pensar é estupendo, nisso, naquilo, são as exuberâncias - veja que tudo têm um sentido..blá" assim eu não podia seguir. tudo tem seu valor e isso não importa, já que tudo tem um valor - poesia e pensar têm seu valor, um belo valor. contudo, graças a multiplicidade das coisas, existem outras coisas, coisas maravilhosas por aí que a gente pode ser e estar - ainda bem que existem. e sim, podemos não pensar, sentar um pouco quem sabe. pôr esses braços sobre a mesa, olhar os objetos, conversar com crianças, ouvir um jazz, um pagode, igreja pra quem gosta, cine arte também. essas coisas têm seu valor, existem ao nosso redor e são boas em nos deixar tranquilos e espiritualizados. esporte e sexo.canto. dança. veja quanta coisa pra se fazer, pra se sentir a vontade
......e eu, que queria ser alguma coisa só... mas sou tudo isso mesmo

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

somos cobertores em carroceis

não tenho mais requintes literários pois lembro bem da infância na hora de escrever - tudo vale na meninice, não há regras nos jogos.
escrever é quase uma brincadeira, seria mentira se eu disser que é puramente lúdico, ( se bem que por aqui se pode mentir a vontade ), porém não há como ser tão raso, mesmo que assim se queira. é impressionante o quanto mudamos, essa mudança vai nos deixar discordantes, críticos de nosso próprio ser, envolvidos por ideias e reenvolvidos revoltados - como um cobertor embaraçado que tentamos desembaraçar mas embaraçamos mais. quantas viagens faremos...são incontáveis, quem sabe intermináveis. tem gente que escolhe de tudo, escolha você algo saudável. basto me com arte
                          simplicidade, desvendando-a : 



Eu somente lhe dizia
as vezes em seu ouvido
que era bom
que era uma boa ideia
mas como convence-la ?
é um carrocel colorido
uma paisagem mística
e uma boa música
nos levaria ao céu
o teu amor é o que quiser
uma viagem sem temores
seus fervores de mulher
escândalo de tambores
eu não me aguento
- segure-me se puder
estás segura - olha o passado
que aponta em seus sorrisos
seus passinhos pequeninos
quanta  mais doçura
no requinte dos cabelos
hoje estão aqui
abençoados pelos ventos
te sopraram até mim
- tão cheio de desejos !

sábado, 10 de dezembro de 2011

um amor exposto inexpliCativado

amorzinhos tão, mais tão complicados. diria eu : -' mas que inferno " e um passo depois  - "é meu paraíso". a pessoa quem se ama é uma arma nossa sem controle - ela faz a gente enfrentar esse mundo quando parece uma maldição, é o carinho que nos salva. entregou-se pra nós como um presente e nos foi um amuleto de sorte. tanta força, meus caros, é tanta força que realmente é o que têm dito alguns por aí nos livros, indescritível - não há ciência que explique essa força. e de tão multifacetada, não há como atribuir definições chapadas a esses amores tão peculiares que brotam no peito dos humanos. vejam, se o amor é um voto de confiança da gente,( inconsciente ou não), que aceita uma força muito muito muito forte dentro do nosso corpo, pode ser uma arma fatal a nós. e assim é, geralmente de princípio, pelo menos foi comigo, como surgiu o amorzinho. de repente, me apaixonei e foi bom - aventurei-me com a moça, fomos tão juntos nas coisas. dai com toda essa maravilha, eu me decepcionei com os vacilos dela - a arma as vezes vacila contra nós, machuca a gente.

agora deixe-me falar, por que será que machuca a gente se depois  pensamos que foi por tão pouco que tudo se desmoronou. de primeira, acho que, por tão impressionados e envolvidos que ficamos com o amor, deturpamos essa arma que temos. a gente quer usá-la pra tudo porque acha aquilo espetacular - parece que pensamos: "- nossa !, mais que arma eficiente pra nos deixar bem". meu primeiro amor foi assim mesmo - a gente se sobrecarregou muito para se afastar das amarguras do mundo, daí venho tanto desgaste.

as vezes penso, é assim mesmo, não tem jeito - esse amor é uma loucura - força que levanta, que faz cair em desgraça.

mas será que dá pra deixar o amor só coma parte boa ? é difícil porque se pensarmos bem, a parte ruim do amor somos nós mesmos, há de se superar algumas bobagens que temos no ego, mesmo que não seja tão simples assim. é preciso transcender um pouco para que o amor seja saudável e tenha uma cara nova em relação aos passados - pois se não, mesmo com as diferenças físicas da pessoa, os sofrimentos e as briguinhas serão sempre iguais.

sei lá, todo mundo têm seus amores e reflexões, muito internas. eis a minha, exposta

domingo, 4 de dezembro de 2011

a política está morta, viva o amor

"o que diabos será que é uma revolução?". somente essa pergunta foi necessária para me encher de crises, de estudos, de vontades e muitas revelações. no início com românticos desejos, o comunismo mundial, fim de todo sofrimento - depois o aprofundamento, a leitura de Marx e seus fundamentos. As decepções, as deturpações - enfim mostraram-se quase que em todas revoluções. existem interesseiros no meio da Vontade Geral e eu não queria acreditar nisso, meus olhos tinham respeito pela luta - de quem era aquela luta mesmo?
tive de pesquisar mais, ir mais atrás. fiquei um pouco engajado, fui ver os intelectuais do século passado. Conheci frankfurt, a escola de lá. queria mais ler Benjamim porque ele tinha mais otimismo, mas ali estava Adorno criticando até o jazz. esse cara era um grande estudioso. para entende-lo precisei ver um pouco das idéias mais atrás : de descartes à nietzsche. entre eles estavam um monte de outros - do racional ao irracional na política e na economia. inevitavelmente surgiu o estudo da psicologia, que conquistou-me tanto quanto a filosofia e ciências sociais. freud com a psicanálise, o estudo sobre o inconsciente mudaria toda minha forma de entender as relações humanas. o desejo sexual é tão forte quanto a sabedoria, quem diria ; freud disse pra mim - o ser humano tem ego, neuroses, histerias, muitas manias quase que irremediáveis.
é muita coisa mesmo, deve ser pra um monte de gente uma babaquice. é pra mim um breve registro. se quiser, fica o aviso : pode parar de ler, isso é tudo introspectivo. mas antes deixe-me falar de dois últimos : camus e hesse. na verdade não vou falar nada. chego a conclusão que a política está morta, só me resta uma oração :




amor. quero que deixe-me nu
até que a morte nos separe
faça nesse escuro a luz
o vento, o fim da barbárie


peço-te amor, traga felicidade
acredite em nós, somos loucos
somos viciosos mas não por maldade
é que os desejos estão todos soltos
estão gritando alto pela cidade


mas não deixe-me só
desperte em todos nós
porque tu vales a pena
faz da vida uma grandeza
essa gradeza estrelar
essas praias, esse mar
tenho sonhos, muitas crises
que vem desse contemplar.


faça-me novo, amor
faça-me novo, amor
faça-me de novo, amor
venha comigo nessa dança
no passo de cada dia
esteja presente na mudança
a mudança é alegria
é nossa virtude coletiva
traga uma bela melodia
que cure essa febre urbana


encha nos de esperança
e desse amor por outras vidas

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

vou além de papai

vou além de papai. olhei minha cara e deixei-a morta parada - eis papai, ali quase que renascido. é um homem frio. desde sempre foi, diziam-me que até quando fora menino, parecia que tinha um rosto esculpido em madeira, ou em gelo dependendo do momento. porém eu não era assim, não era de madeira feito papai, por mais que de inicio parecesse, tinha muitos sorrisos - e todos escandalosos de felicidade. não sei, será que incomodei alguém com isso ?
papai não gostava, não gostava de nos ver dispersos, queria-nos sérios e retos. torno a me olhar : não sou sério coisíssima nenhuma; e rio um pouco - como sempre fiz. papai não sabe mesmo, acho que não se interessa - não deve ter ideia daquilo que gosto muito. meu rosto é tão parecido com o dele, posso modelar-me e parecer papai, a voz é um tanto mais grossa, é só forçar um pouco que já posso confundir em casa.

sou outro. por mais que digam da aparência, e da essência inconsciente que há em mim, vou atrás da existência, daquilo que amo. não sou seguro, nem maduro - deus do céu - maduro muito menos ! mas posso dizer que não sou papai - e a verdade é que esses sentimentos familiares e dependências já se foram faz tempo, eu os retirei de mim para me descobrir. foi preciso pra mim, acho que deve ser pré requisito para a liberdade :



caminho, vou-me, volto-me, finjo
e falo a verdade que é preciso
é preciso caminhar-se
sobre si, entre si mesmo
descobrir-se como num filme