sábado, 12 de novembro de 2011

desviver no espaço

estou um bocado mais nauseado, quase nada contente. as coisas têm sido graves, de verdade - extrapolaram
ficaram selvagens. frases e imagens machucam a gente, perdemos o chão, perdemos identidade. ganhamos uma distância da realidade. passeamos solitários na estratosfera de planetas não povoados. estamos inconformados, não sabemos nos explicar. eu não sei dizer mais nada.






quer que eu grite meu choro em algum lugar?
não entendo minha vida - passea num deserto
ja tive muita insônia e a sensação de um inseto
uma noite quase esclarecida manchada no ar


um diálogo com a consciência me faz pensar que caminho para a loucura
sem voltas para a humanidade. estão se desfazendo uma porção de homens
e quanta gente está gritando nessa sociedade - estão a procura de uma cura
para suas não mais discretas mânias, suas profissões doentias - eles não dormen


estou jazindo naquele chão de cor esquisita
mas há um som esquisito nessa sala de jantar
ou será os escândalos lá fora daqueles niilistas
eles não param, não param de chorar e chorar


estão tristes - estão todos muito tristes a espera do profeta que traga consigo o amor. esse amor que nos deixa derretido, com a sensação virtuosa de seguir na vida. vamos teimando em esperar, vamos trabalhando esperando, comendo esperando - vislumbrado uma bela entrada, as primeiras palavras desse messias.


não estou chorando tanto
sequer espero alguém
estava nas nuvens, distraído
com alguma mulher, 
num sonho qualquer


você faz o que quer
quer comer, quer esperar
quer punir, quer sangrar
faça-o sem hesitar


e você chora depois de tudo, sempre triste e aflito pelas escolhas que fez. teu futuro é chorar? será? porque então acusaste tanta desgraça, e agora é isso que vês no espelho - um lamento. quer flores para se enterrar, nunca mais voltar, descançar um pouco, virar um tronco de árvore  seco, sem lágrimas - desviver


cortarão as árvores
quanto cansaço
não te resta mais nada
a não ser o espaço 

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